Thursday, June 6, 2013

O amor só se dá na falta
É onde se há espaço para crescer
Para se entender
Para se criar
Fantasiar
Desejar
Planejar
Se há falta
No mínimo há, humildemente
Um ser
Que depois de tudo sabe
Muito além do que o mais de gozar, na atual civilização eletrônica compreenderá
E nunca compreenderá
Que o mais de gozar é só e apenas
A fantasia
De um ser que por tanto faltar
Ama
E como não amar
Olhar no outro e assim reconhecer-se frágil
E ainda com toda a falta
Doar
O produto de toda esta consciência

O amor.

Quando morre um herói, leva contigo seus pertences
Também se morre de dor e incerteza
Também se morre de desamparo
Quando morre um herói, leva consigo um mundo, uma multidão
Alguns sonhos e muitos planos
Ressignificam com uma certeza de que, ressignificando, se revive o próprio
O pródigo
O cometa
O eremita
O nada encostado no cato de um galpão
Quando se morre um herói, se mata aquilo que não é dizível
Um medo se alastra como fluido, umedecendo o invisível
E caindo como reboco mofado
As idéias que poderiam se fixar
Um dia
E no dia de seu enterro
As flores que enfeitam a ressignificação do pai, do protetor, do presidente e do super-homem
São apenas contempladas pelo menino

Que se fixa na rua, vendo a mocidade voltar para suas casas de almas a deriva.