Sunday, September 29, 2013



Café Olímpia às 17h

Rua Rodolfo Rosa esquina com Visconde de Tabajara - Centro do Rio


1

O buraco

Triste fim de experiente para aquelas pessoas que fazem do trabalho sua vida, de trabalho sua recompensa, seu gozo e sua culpa, compadecidos e coitados se vão aos montes naquele vento cinza de tarde.

Esse mesmo vento recobre certas paginas, faz voar o guardanapo usado, os cabelos castanhos, o paletó e toda essa gente que sai do centro...como tem gente que sai desse centro heim!

Se acumulam atrasadas na maioria das vezes, saem em bandos na hora do almoço , comem cheias de planos e interesses, e se vão de tarde pensando se começaram ou terminaram o dia . na verdade já nós todos nos perdemos nesse início e fim, deixando um buraco de vazio no centro que será total tamponado no dia seguinte por mentes atrasadas porque dormiram demais.

É só um relato sem graça de um espectador  que vos fala. cada um tem, seu buraco existencial e acho que o meu se tampa de tempos em tempos, em rotinas as quais sei, fui eu que escolhi. uma vez que sei a que horas saio, espero esse momento raro entre a porta de saída do trabalho e minha casa para pensar.

Todos os dias venho no café Olimpia e não faço questão de conhecer além do que peço e o nome do Roberto que de tamanha educação, recepciona-me amistosamente, já sem sequer perguntar nada, já pressupõe o que sempre peço e nesta relação de conforto, paro, observo, a cabeleira da moça se dirigindo até a praça 15, a caminho das barcas, essa gente que cumpre todo o santo dia uma confortável rotina sabendo ou não do que se trata.

Eu para falar a verdade já não sei bem do que se trata a minha, e talvez , por isso mesmo, me recuse , por aproximadamente uma hora, chegar em casa e admitir que o dia teve seu fim, ainda que nem tudo esteja claro.... tem algo faltando!

-- Um expresso por favor.

2

Boa pergunta!

Da primeira vez que pedi o café, parecia que havia uma vida inteira até esta aparecer na minha frente, num copo americano. Atribui o fato de naquele dia eu estar mais ansiosos do que normalmente me mantenho, mas já penso diferente... a rotina aqui faz seus milagres; como por exemplo, nos dar a impressão de que o tempo passa depressa. A rotina faz destas coisas, nos droga e não nos incomoda, a não ser que se veja para além dela....ai vc se coça.

Não tô afim de me coçar muito hoje não, tá bom do jeito que tá. Só n posso dizer que está 100% primeiro que isso é fantasia e segundo, se houvesse alguma porcentagem próxima a isso, bem, não me daria ao trabalho de pensar sobre ela, nem na minha mente haveria rastros dela.

ela, a insatisfação....

Vamos ao que interessa, o café chegou. Lembro -me de uma viagem que fiz a Istambul faz uns 5 anos; bebi um café tão fantástico... lembrei-me justamente pelo pó do café que vislumbro no fundo deste copo. Uma forma romântica essa de admitir que esse café tá ralo pra caralho.

Que seja, tá quente; e as lembranças da viajem me confortam, me dizem pensar que não há nada que eu possa me indignar na minha atual situação em comparação a grande e interessantíssima viagem que fiz para ser feliz e principalmente, para guardar como um pacote de coisa feliz pra vida toda.

É confortável pensar assim. Sonhos e momentos sublimes são para nosso passado, presente e futuro. Tá ai, pacotes de felicidade são tão atemporais e conveniente para quem sabe usar; melhor do que ficar descontente!

Mudemos de assunto...


Monday, September 16, 2013

Uma das bandas mais surpreendentes que eu tenho o prazer de ter conhecido ! E tenho dito.
https://www.youtube.com/watch?v=o1QWJI2GdeM

Os descendentes de violinistas!

Por deus, o que é isso? Me pergunto
O que faço com essa fantasia, tão encarnada, como as dores do ventre , como meu diafragma?
Penso .....
Não há por que mentir, iludindo-me que cresci e venci minhas mazelas  , vestindo-me formalmente e aprendendo a não sorrir, como muitos fazem
Não sou daquelas que congelam no Semblante e vivem como se tudo fosse uma sessão de terapia;
felizmente mantive, nos restos de meus investimentos objetais um pouco de simancol tarja preta.
E se quem tem dores, tem licores* como dizia um antigo alemão, quem tem passado se enxerga diferente.
Quem tem passado se enxerga como....o diferente.
E nada menos diferente do que o passado e presente de qualquer um
Nas veias, no sangue , no meu sangue ibérico trago um passado de, por que não, restos de investimentos objetais abandonados...
Portugueses Camponeses
Índios Brasileiros
Ciganos da Catalunha
Escoando de mês em mês, em feridas tolas das brincadeiras infantis.
No joelho de quem gosta de se arriscar, na boca que um dia foi apaixonadamente mordida
Por deus o que é isso? Me pergunto.
Meu passado, Seu presente e um futuro que faço e desfaço como certo tapete sem fim.
Ah meu admirado homem, são sim, tão fortes quanto minha boca, minhas pernas, e tão delicados quanto a boca do meu estômago....também tão sensível quanto o meu diafragma.
Não sei o que dizer para você, pois nem me faço valer de semblante, 
Tenho receio pois se te olho, nada mais será que eu em minha inteira honestidade.
Vc teria desejo para demandar?
Uma mulher que anda nua poraí , no que diz respeito ao que sente, essa sou eu calada de tão nua que é por dentro.
Mas é pura insegurança.... meço minhas palavras e quase não olho....digo, não olhei corredor a dentro, mas devia...que pena, fiz semblante e me sabotei na sexta-feira.
Pois se eu olhar, você verá as partes fortes, sensíveis e delicadas do meu corpo.
que são vc também.
....
Agora me peguei pensando, será que se eu te olhar, nesses lindos e redondos olhos como bolas de gude, serão os meus, bem castanhos, espelho para seus desejos?
Será que vc os encarna ?




*(Wilhelm Busch)

Saturday, September 14, 2013

Por que eu? Escrevo...
Há algo de protetor nas letras que desenham a folha, que colorem minha tela nesses tempos contemporâneos
Há algo de muito doce em se nutrir um quadrado, com papel de parede, repousando bem delicadamente faiscas de sensações as quais penso eu, poder conceber para fora do território.
a escrita, no silêncio, como muitos gostam de praticar, no momento de reflexão na verdade não há muito de reflexão. Acredito sim, restos da poeira que incomodou o suficiente para render uma escrita decente!
O lado digamos cru, limpo e indecente dos escritos está muito longe daquilo que se escreve; mas ilude-se o leitor ao crer que aquilo bem pensado e orquestrado , material bruto de palavras faz parte do que se quer dizer o intimo escrivão. Só que não!
Pondo no papel, e pra ser bem sincera, é como um e-mail, é como uma conclusão, de um trabalho de semestre, cheio de conteúdo e profundo de sentido, longe porém de qualquer desnudamento.
Contudo o nú...o que seria?
O espaço em branco entre as palavras? aquilo tal que ainda não inventei de vestir de letra, eu, que me visto de palavras e não digo nada.
Eu que me visto de lógica, e não digo nada
Eu que escrevo de dores, amores, desejos, restos das poeiras de conclusões as quais são tudo o que sobra de antigas questões peladas do meu coração
Me visto mulher, de artigo feminino
Posso e faço geralmente analogias de uma espectadora de minhas próprias reflexões, e me distancio de tomar de todo até minhas roupas
O que há então de mais meu neste momento aqui, acredito são meus dedos digitando, e as unhas as quais quero cortar
Isso é claro, é uma visão muito pessoal do modo de escrever e porque se escreve.
Para mim, ainda que superficial, ainda que fazendo poeira de letra uma arte que penso e reflito
Crio, muito mais do que olho para o que já tenho
Pois o que tenho é um corpo nú, um corpo de mulher que vive a me perguntar coisas as quais eu não sei responder.

 

Sunday, September 1, 2013


Talvez a senhorinha do prédio da frente , que espia a rua com olhos curiosos, observando toda a gente que passa, fomentando em seu juízo sabe se lá o que, o que de mais enigmático possa existir! Não sou capaz nem de perto e nem da minha janela de imaginar o que ela pensa , quando vê e guarda no olhar, sobre quem passa....
Quanto a mim, posso falar.
Para a minha felicidade , a distância era pequena, uma mesa da cintura pra cima, apenas isso.
Não vou me preocupar em subjetivar d+, pois acho que escrevendo é uma boa oportunidade , para mim, de ser mais direta!
Quem era?
Um homem que de cara reparo, uma boca bem vermelha, até um pouco estranho, mas era bem vermelha, num rosto pequeno e despretensioso.
Era de longe algo do tipo quadrado ou super -homem, nada disso
Um queixo pequeno, uma barba pequena, uma boca pequena
Que contexto teria na harmonia do rosto de um homem? Me encantou mesmo assim, porque havia certa harmonia naquilo, justificando por outros detalhes.
Ele tinha cabelos fartos e castanhos que cresciam rápidos e de forma até engraçada faziam sombra no rosto, nos olhos.... não me lembro muito dos olhos.... mas.... são bem redondos!
Posso caracterizar melhor depois de reparar mais um pouco... são traços discretos e até em certa medida delicados e curvilíneos. Não é um garoto da capricho! Não é atraente homem de meia idade, é em suma um meio termo daquilo que não vemos na revista Claudia!
Não saberia chegar neste homem com dicas da Marie Claire, nem com os testes de horóscopos.
Nem com certos tipos de roupa, que tipos?
Nem em certas festas, que festa? Que já o avistei em alguns segundos e nada mais?
Um cara assim bem real, e por isso bem distante para mim, que estranho né? Triste talvez.
Já o vi com uma certa coisinha, a qual n me dei o trabalho de perceber muito... mas compartilho de traços con ella!
Não importa e é claro, voltando a subjetividade. Um corpo estranho, sem muitos músculos, mas de traços retos, ossos grandes.
Um enigma estranho;
Uma voz estranha;
Uma opinião estranha que varia do sim ao nunca;
Um homem que atrai por não ter nada do é de cara tão assim cobiçado;
E de fato ainda não consegui entender!
São coisas que agente não vê na tv, não aprende com a Capricho e muito menos com a Marie Claire.
Só sei que ele goza com a voz e eu escopofílica!
Fim.