Monday, June 2, 2014

Gozo e Medo


Me espanto sobretudo
Com aquilo que parece
Do como é possível!
Me assusto bem feliz
e gozo.
Tremendo de prazer e de medo

Mas gozo do que possa ser!

Monday, April 21, 2014

Mulher Capital

Mulher Capital
Escrevo esta carta pra você
Desconfiar muito
Pensar bastante
Confiar nos seus peitos
E sair poraí com a certeza única daquilo que anotou na agenda
Não confie no homem que te chama de louca por você se chocar
Não confie no homem que morre por alguma coisa a qual não liga
Não confie de primeira, de segunda e nem de terceira
E afunde bem fundo na certeza
De que você cuida de seus amigos com carinho
Mas cai no grande erro de alimentar com a boca do meio da perna
Os travestidos de príncipes, que na linha de frente, estão abaixo de qualquer amigo
Encare essa piroca que está a sua frente e a pergunte
Quem é você, a ser deglutido?
E para o Resto que não souber responder eu digo

Não me faça te vomitar novamente! 

Monday, March 17, 2014

Onda de Kanagawa

De uma coisa posso concluir
Nenhuma das minhas teorias sobre o mundo , as pessoas e os relacionamentos se mostraram sinceras !
Nenhuma escapou do crivo de uma correção ortográfica, de um tapete voador
Nenhum dos meus sonhos, medos, conclusões, nada se mostrou tão terrivelmente improvável
Não me lembro de ter antes destes últimos 8 anos  ver minhas conclusões, por tantas vezes virando areia, poeira e escorrendo pelos dedos
E o quanto me vi aquém do que esperava
E o quanto esperava aquém do que diziam
E o quanto aquém da realidade era quilo que eu sonhava, imaginava e fantasiava....
Absolutamente nada foi o que calculei! Chegou quando era torto, sumiu quando era bom, e embotou-se quando era vivo!
Estranho pensar até agora, eu não consegui tirar nenhuma conclusão sobre o que é relacionar-se, o que esperar, onde olhar, o que identificar...
Da minha parte para o externo eu realmente nunca gritei bingo!
Nenhuma cartela repleta de feijões
E sinceramente parecem ainda cartelas de bingo em japonês!
Existe um X, uma símbolo referente a água , um número de 4 à 50600.
E ao fundo, a figura da grande onda de kanagawa, engolindo aqueles barquinhos desesperados e inconsequentes!
O que fazer? Comer feijões durante o dia...
Beber e gritar bingo para os sapatos, os carros, os livros, os amigos, rir de tudo!
Fazer origamis com as antigas cartelinhas, sem que nem de perto entenda o sentido de cada Um deles...
E sair poraí, ainda que sóbria e ereta, como bêbada nas emoções, me escorando nas paredes, rindo de coisas bobas e entregando de vez os pontos ao que não consigo ter!
Me vi na lógica da própria onda de Kanagawa, ela existe, desforme, destrutiva e sem contorno...uma imensa confusão a deriva!
Mesmo assim há quem pinte e revele as formas bonitas e contornos singelos.
Ela está só, nessa onda do pior que se pode ser só 

Tuesday, January 14, 2014

Vou falar algo que por demais assusta, uma conclusão terrível que ainda que eu fosse incrédula, ajoelharia e ...certamente imploraria por um pouco de compaixão do tempo e do destino.
Eis as palavras que me cortam: "não se escolhe a lembrança que se tem"
Não escolhemos aquilo que irá repetir-se na nossa mente que independente do prazer ou desprazer, martelará nossos pensamentos, diante de um prato de macarrão, culminando na azia que sentirei depois das 14:30.
Como se n bastasse a infelicidade da lembrança e os nomes que carregam, vislumbrarei o que era quando, na Rio Branco olho para o sinal esperando vermelho de passar, e no táxi que parou um pouco para além da faixa, olharei o reflexo da minha cara, que estará fresca , como quando estava vivenciando minha lembrança. Corro o risco enorme de me sentir patética e vulnerável, com raiva de mim, de meu estômago que azia e do que n foi o que n é...
O mesmo ocorre , felizmente, com boas lembranças, posso sentir aquele corpo ainda vivo e pulsando apaixonado dentro da pele, as palavras, juras de amor, respostas doces e certeiras, rosto do meu amigo e da minha amiga, e uma boca sorridente que umedece minha bochecha com cheiro de cerveja, aquela mão que apertou meus dedos com carinho!
Eu sinto as mesmas sensações...
Eu sofro e padeço de reminiscências
E também crio fantasias que viram reminiscências
Estas compõe o real que n se vê no espelho do táxi e me escondem daquilo que invade, o imensurável e improvável futuro. 
Preciso de algo palpável, o chão e as reminiscências!

Sunday, September 29, 2013



Café Olímpia às 17h

Rua Rodolfo Rosa esquina com Visconde de Tabajara - Centro do Rio


1

O buraco

Triste fim de experiente para aquelas pessoas que fazem do trabalho sua vida, de trabalho sua recompensa, seu gozo e sua culpa, compadecidos e coitados se vão aos montes naquele vento cinza de tarde.

Esse mesmo vento recobre certas paginas, faz voar o guardanapo usado, os cabelos castanhos, o paletó e toda essa gente que sai do centro...como tem gente que sai desse centro heim!

Se acumulam atrasadas na maioria das vezes, saem em bandos na hora do almoço , comem cheias de planos e interesses, e se vão de tarde pensando se começaram ou terminaram o dia . na verdade já nós todos nos perdemos nesse início e fim, deixando um buraco de vazio no centro que será total tamponado no dia seguinte por mentes atrasadas porque dormiram demais.

É só um relato sem graça de um espectador  que vos fala. cada um tem, seu buraco existencial e acho que o meu se tampa de tempos em tempos, em rotinas as quais sei, fui eu que escolhi. uma vez que sei a que horas saio, espero esse momento raro entre a porta de saída do trabalho e minha casa para pensar.

Todos os dias venho no café Olimpia e não faço questão de conhecer além do que peço e o nome do Roberto que de tamanha educação, recepciona-me amistosamente, já sem sequer perguntar nada, já pressupõe o que sempre peço e nesta relação de conforto, paro, observo, a cabeleira da moça se dirigindo até a praça 15, a caminho das barcas, essa gente que cumpre todo o santo dia uma confortável rotina sabendo ou não do que se trata.

Eu para falar a verdade já não sei bem do que se trata a minha, e talvez , por isso mesmo, me recuse , por aproximadamente uma hora, chegar em casa e admitir que o dia teve seu fim, ainda que nem tudo esteja claro.... tem algo faltando!

-- Um expresso por favor.

2

Boa pergunta!

Da primeira vez que pedi o café, parecia que havia uma vida inteira até esta aparecer na minha frente, num copo americano. Atribui o fato de naquele dia eu estar mais ansiosos do que normalmente me mantenho, mas já penso diferente... a rotina aqui faz seus milagres; como por exemplo, nos dar a impressão de que o tempo passa depressa. A rotina faz destas coisas, nos droga e não nos incomoda, a não ser que se veja para além dela....ai vc se coça.

Não tô afim de me coçar muito hoje não, tá bom do jeito que tá. Só n posso dizer que está 100% primeiro que isso é fantasia e segundo, se houvesse alguma porcentagem próxima a isso, bem, não me daria ao trabalho de pensar sobre ela, nem na minha mente haveria rastros dela.

ela, a insatisfação....

Vamos ao que interessa, o café chegou. Lembro -me de uma viagem que fiz a Istambul faz uns 5 anos; bebi um café tão fantástico... lembrei-me justamente pelo pó do café que vislumbro no fundo deste copo. Uma forma romântica essa de admitir que esse café tá ralo pra caralho.

Que seja, tá quente; e as lembranças da viajem me confortam, me dizem pensar que não há nada que eu possa me indignar na minha atual situação em comparação a grande e interessantíssima viagem que fiz para ser feliz e principalmente, para guardar como um pacote de coisa feliz pra vida toda.

É confortável pensar assim. Sonhos e momentos sublimes são para nosso passado, presente e futuro. Tá ai, pacotes de felicidade são tão atemporais e conveniente para quem sabe usar; melhor do que ficar descontente!

Mudemos de assunto...


Monday, September 16, 2013

Uma das bandas mais surpreendentes que eu tenho o prazer de ter conhecido ! E tenho dito.
https://www.youtube.com/watch?v=o1QWJI2GdeM

Os descendentes de violinistas!

Por deus, o que é isso? Me pergunto
O que faço com essa fantasia, tão encarnada, como as dores do ventre , como meu diafragma?
Penso .....
Não há por que mentir, iludindo-me que cresci e venci minhas mazelas  , vestindo-me formalmente e aprendendo a não sorrir, como muitos fazem
Não sou daquelas que congelam no Semblante e vivem como se tudo fosse uma sessão de terapia;
felizmente mantive, nos restos de meus investimentos objetais um pouco de simancol tarja preta.
E se quem tem dores, tem licores* como dizia um antigo alemão, quem tem passado se enxerga diferente.
Quem tem passado se enxerga como....o diferente.
E nada menos diferente do que o passado e presente de qualquer um
Nas veias, no sangue , no meu sangue ibérico trago um passado de, por que não, restos de investimentos objetais abandonados...
Portugueses Camponeses
Índios Brasileiros
Ciganos da Catalunha
Escoando de mês em mês, em feridas tolas das brincadeiras infantis.
No joelho de quem gosta de se arriscar, na boca que um dia foi apaixonadamente mordida
Por deus o que é isso? Me pergunto.
Meu passado, Seu presente e um futuro que faço e desfaço como certo tapete sem fim.
Ah meu admirado homem, são sim, tão fortes quanto minha boca, minhas pernas, e tão delicados quanto a boca do meu estômago....também tão sensível quanto o meu diafragma.
Não sei o que dizer para você, pois nem me faço valer de semblante, 
Tenho receio pois se te olho, nada mais será que eu em minha inteira honestidade.
Vc teria desejo para demandar?
Uma mulher que anda nua poraí , no que diz respeito ao que sente, essa sou eu calada de tão nua que é por dentro.
Mas é pura insegurança.... meço minhas palavras e quase não olho....digo, não olhei corredor a dentro, mas devia...que pena, fiz semblante e me sabotei na sexta-feira.
Pois se eu olhar, você verá as partes fortes, sensíveis e delicadas do meu corpo.
que são vc também.
....
Agora me peguei pensando, será que se eu te olhar, nesses lindos e redondos olhos como bolas de gude, serão os meus, bem castanhos, espelho para seus desejos?
Será que vc os encarna ?




*(Wilhelm Busch)