Thursday, August 1, 2013


Voltei a acordar, sem saber muito bem
Estava sol
A fome já não significava tanto assim
Um silêncio...
Não se ouvia muito de lá
Aqueles estridentes canto dos pássaros, as vezes incomodava
eram dois, ou 3
Passavam quase raspando, na beira d’agua
que quase não via, de tão rápido,
entre alguns vincos de madeira
na borda onde meus olhos tinha a fronteira, do cansaço
Em fim
Outro som que me pegava era quando, por algum motivo que o mar deve saber
Um pedaço dessa infinitude toda batia e chacoalhava meu barco de um lado para o outro
Não era lá um barco, um barquinho, de borda vermelha
De madeira, bem simples, sabe...
Já fazia tanto tempo que estava lá
E há tanto tempo que nada de diferente via
E há tanto tempo que nada acontecia
Meu fóco de visão era o céu, pois do mar só escutava, nem levantava pra ver
Me contentando em achar graça do azul para o laranja, para o azul escuro, para o azul claro de novo, e depois o laranja
E depois outro azul escuro , com várias estrelas
Não sei bem quanto tempo fazia
De repente acordava e de repente dormia
E era dia.
 

 

de mim... a boca do estômago!

Escrever é um desnudamento grande demais para grandes angustias, momentos esfacelados, questionamentos que só de destino são avistados, num silencioso acaso. Capaz, no momento de não sair nada mais do que mão na cabeça, olhos serrados e estômago forte, que brote:

Uma colher de desencantamento de ideias

Uma pitada de desprazer e desgosto

Duas colheres de sopa de falta de paciência

E a mistura de todos os corpos bobos e esguios, para não valer a pena

A comida, sem ser mastigada, é engolida crua

O acaso, no suco gástrico, é desmembrado com dificuldade,

Suas moléculas infinitas e inimagináveis

Na força que o esfíncter emocional tem a lhe oferecer

A comida odiosa e insaciável de todo dia

Não comerei por um tempo até preencher-me de vazio, e escutar meu corpo chorando de fome?

Ou comendo frutos brutos e mal gerados contradizendo as leis de sobrevivência
Viverei então mais, e morrerei demais.

Tuesday, July 30, 2013

Fato!
Vamos ao que é de fato
gosto das mãos e braços
quanto maiores e mais magras melhores
quanto mais delineadas e fortes, melhores
quanto mais precisas e artísticas
quanto mais românticas ...
quanto mais cuidadosas
quanto mais limpas e generosas
quanto mais abertas e repousadas
quanto mais canetas , livros ou pincéis
quanto mais amor, para dar, melhor
quanto mais amor na palma da mão melhor
gosto dos magrinhos
e de mãos que clamam
que gritam
que dançam
gosto de braços e mãos magros e precísos
bem delineados
quanto mais afagos
e quanto menos tempo isolados....
Melhor!
Saudades...

http://www.youtube.com/watch?v=Xc0ejfcYyl8&list=PLC115F548B1AA523E

Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior do mato
Da caatinga do roçado.
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigos
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado.
Por ser de lá
Na certa por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo.
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão boiada caminhando a esmo.(Gilberto Gil)


.....lindo!

Monday, July 29, 2013

Bodas de outro

E agora mulher?
Será que as paisagens estão tão brutas assim?
Como uma conversa já iniciada entre uma velha reacionária e uma virgem de 15 anos
Tão bruto quanto os juncos que sustentam suas paredes, e as gimnospermas cálidas e sem importância que nascem das  veias, das pedras, da parede
E agora mulher?
Que nem seu estofado antigo e chipandelístico não te sustenta mais
Nem te sustenta mais
Que sua madeira nobre está coberta de toalhas guardadas e inutilizadas por anos
Nas esperança de dias melhores
E agora?
Que as flores sinceras são só as de plástico, antes coloridas e agora são só cinzentas
Aquele taco de madeira solto
A cortina que quase n existe de tão inerte
A janela que não existe de tão inerte
Os moves por anos tão....quietos
Os pratos azuis e enfeitados são tão moribundos quanto o motivo de existirem
Se acha que estou pegando pesado, eu n acabei...
Levanto de mim um grito que movimenta seu lustre pálido e antigo
Levanto-me o queixo, uno minhas escápulas e o tórax vai lá no teto de tanto querer aberto
Do que adianta tantos armários? Se só os resta como antro de pestes comedoras de madeira e papel
Do que adianta o croché do tapete, a porcelana e seu seus peitos não fizeram nenhuma diferença
Do que adianta tanta roupa de cama estragada no fundo do baú, de tanta louça velha e cafôna guardada por guardar
Levanto minha voz e parto pela cozinha
Pois saio pelo cômodo mais vivo e imortal de qualquer casa
A porta da frente se rende a uma pequena bruma usurpadora de imagens tristes e decadentes
Uma janela que não existe
Uma porta que não existe
Uma cortina que n faz sentido
Uma dor que surpreende
Uma mulher em séculos de opressão
Um não e um sim
Para tudo o que poderia ser seu  rito
Suas mãos, sua boca, seus lábios e sua alma
São gravados em ouro numa xicara qualquer
Bodas de ouro até o fim
e mulher.

Sunday, July 28, 2013


Um ser quase urbano
Me dou conta de meu urbanismo.
Fácil sentir falta de mato, de natureza, de passar um tempo onde o tempo corre por outras vias
No meio de tudo verde tá tão visível o que de fato é mais concreto e fundamental
O que há antes mesmo de vc saber o que significa existir
E saber que tudo isso de terra é pra além do seu antes, durantes e depois
Mas sentar num bar numa rua calma de Santa Tereza e fazer questão de estar na varanda mais próxima da rua...
É admitir que ainda que eu precise do óbvio; e entendo este óbvio como um tempo em Visconde de Mauá onde a civilização vive de forma mais serena e sem neuroses urbanas; eu confesso...
Vejo graça nos carros passando
Fazer oque!