Monday, July 29, 2013

Bodas de outro

E agora mulher?
Será que as paisagens estão tão brutas assim?
Como uma conversa já iniciada entre uma velha reacionária e uma virgem de 15 anos
Tão bruto quanto os juncos que sustentam suas paredes, e as gimnospermas cálidas e sem importância que nascem das  veias, das pedras, da parede
E agora mulher?
Que nem seu estofado antigo e chipandelístico não te sustenta mais
Nem te sustenta mais
Que sua madeira nobre está coberta de toalhas guardadas e inutilizadas por anos
Nas esperança de dias melhores
E agora?
Que as flores sinceras são só as de plástico, antes coloridas e agora são só cinzentas
Aquele taco de madeira solto
A cortina que quase n existe de tão inerte
A janela que não existe de tão inerte
Os moves por anos tão....quietos
Os pratos azuis e enfeitados são tão moribundos quanto o motivo de existirem
Se acha que estou pegando pesado, eu n acabei...
Levanto de mim um grito que movimenta seu lustre pálido e antigo
Levanto-me o queixo, uno minhas escápulas e o tórax vai lá no teto de tanto querer aberto
Do que adianta tantos armários? Se só os resta como antro de pestes comedoras de madeira e papel
Do que adianta o croché do tapete, a porcelana e seu seus peitos não fizeram nenhuma diferença
Do que adianta tanta roupa de cama estragada no fundo do baú, de tanta louça velha e cafôna guardada por guardar
Levanto minha voz e parto pela cozinha
Pois saio pelo cômodo mais vivo e imortal de qualquer casa
A porta da frente se rende a uma pequena bruma usurpadora de imagens tristes e decadentes
Uma janela que não existe
Uma porta que não existe
Uma cortina que n faz sentido
Uma dor que surpreende
Uma mulher em séculos de opressão
Um não e um sim
Para tudo o que poderia ser seu  rito
Suas mãos, sua boca, seus lábios e sua alma
São gravados em ouro numa xicara qualquer
Bodas de ouro até o fim
e mulher.

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