Thursday, August 15, 2013

Nesta terça-feira eu comprovei algo muito bacana, quase banal , como tudo de mais importante no dia a dia. Eu me pus ao lado de minha avó. Eu sentada , ela fazendo um trabalho grande para se manter na mesma posição que eu, não por mim, mas por ela, uma questão de orgulho puro e rebelde impassível (não passivo) de ser contrariado por criatura que viva na terra, no ar, na água e etc... em fim.
Resolvi constatar minha hipótese: minha mão era a dela?
Colocamos as mãos lado a lado e de fato, mesmo tamanho, mesmo formato de dedo, unha, até o dedo médio esquerdo ligeiramente torto.
Uma mão muito enrugada , uma mão lisa
Ficamos um tempo em silencio
Ela olhava
Sorria bem discreta
Manejava minha mão
Colocava ao lado da dela
Se vivia um pouco em mim
Eu em minha fantasia, me antecipava
Na lembrança futura de um dia minha mão ser como a dela
Havia algo de estrutural que era para além dos efeitos do tempo na pele no músculo
Havia muito de estrutural na fantasia
Na constituição
Havia algo de muito perpétuo
Havia algo de muito clã
Havia muito passado pra mim
De muito eterno pra ela
Uns poucos minutos
E assim fizemos nós,
Em nossa investigação,
um sentido tão óbvio como qualquer coisa 
que seja vital.
Mas mais profundo do que eu possa explicar.

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